A história do Ensino da Arte é um tema importante porque através da análise sociohistórica do passado podemos compreender o presente. Apesar das críticas em relação a tentativa de aculturação dos índios, no caso da Educação do Brasil os Jesuítas tiveram um papel fundamental posto que foram por praticamente dois séculos os seus responsáveis. Esses missioneiros estiveram no Brasil até meados do século XVIII, quando foram expulsos de Portugal e do Brasil por Marquês de Pombal.


O papel dos jesuítas se destaca no âmbito da educação porque representam a primeira institucionalização educacional que rompeu com as práticas educativas dominantes da época: aprendizagem do oficio das armas (nobreza) e aprendizagem dos ofícios (classes populares medievais) para voltar-se ao ensino das letras e filosofia.


Os jesuítas trabalharam em território português e espanhol, neste último se concentraram as Missões Guaranis com importantes Reduções (aldeamento em que jesuítas e franciscanos confinavam os indígenas (séc. XVII em diante), a fim de convertê-los à fé católica). O plano educacional-catequético idealizado por Manuel da Nóbrega se baseava no Ratio Studiorom dos jesuítas, no entanto, perante a realidade nacional Nóbrega o adaptou prevendo como ponto de partida as escolas de ler e escrever, onde, além da língua portuguesa, era realizado o ensino da fé cristã.



Nas Reduções Jesuíticas a música fazia parte do cotidiano do convívio entre jesuítas e indígenas, que aprenderam a tocar os instrumentos ocidentais e a cantar em coro. Inicialmente os instrumentos eram trazidos da Europa para depois serem copiados e produzidos pelos missioneiros, sendo comum a presença de uma pequena orquestra em cada uma das Reduções. A dança e as representações também faziam parte das atividades dessa comunidades e estavam ligadas aos cultos e festas religiosas. 


Os jesuítas, por influência do pensamento platônico, valorizavam as atividades do pensamento como a filosofia, a literatura e a música, em detrimento das artes manuais como as artes plásticas. No entanto, a produção plástica ligada aos jesuítas foi bastante significativa, estando, de todas formas, assim como a música, relacionada às atividades religiosas e às necessidades do cotidiano. Para isso havia escolas práticas de artes e ofícios onde eram produzidos utensílios, talhas, esculturas e pinturas, destacando-se os trabalhos em madeira e cerâmica.


O exercício artístico correspondia aos religiosos e a seus ajudantes (indígenas, escravos e civis). O processo didático se pautava na observação e imitação do aprendiz em relação ao mestre. A influência da concepção jesuítica de artes e ofícios, baseado na formação de artesãos ou artífices, em princípio, e de artistas mais tarde se estendeu indiretamente até a primeira metade do século XX, apesar de assumir outras denominações como ensino do desenho.


Até os dias atuais convivemos com reminiscências da educação jesuítica no Brasil: subordinação entre quem ensina e quem aprende, valorização dos saberes dissociados da vida social e cultural; implementação de aulas em espaços fechados; classificação entre cultos e ignorantes; instauração consciente e inconsciente de um aparato disciplinar de penalização e moralização dos educandos.


No que tange às artes visuais o legado da educação jesuítica foi a pouca valorização que esta recebe, assumindo uma posição subalterna em relação a outros saberes, inclusive, considerados artísticos como a literatura.

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