Foi com grande emoção que visitei pela primeira vez a obra de Arthur Bispo do Rosário, expostas em 2012 na 30a Bienal de são Paulo - A iminência das Poéticas. Durante o XXII Congresso Brasileiro da Federação de Arte-Educadores do Brasil, CONFAEB - "Corpos em Trânsito", realizado de 29 de outubro a 02 de novembro de 2012 fomos recebidos pelo Educativo da Bienal, presenteados pelo Material Educativo do Evento e convidados a visitar a Bienal através de um recorte proposto pela mediação do Educativo. Já sabíamos da presença das obras de Arthur Bispo do Rosário e solicitamos iniciar a visitação por suas obras. Por mais que conheçamos o trabalho deste ilustre homem, que passou 50 anos de sua vida enclausurados num manicômio o contato com a obra foi um misto de emoções. Difícil saber o que sentir diante do mundo artístico de Bispo do Rosário. Tantos detalhes em seus bordados: continentes, territórios e regiões são bordadas meticulosamente em grandes panôs. Objetos cobertos por linhas, objetos 'ordinários' como pentes, canecas, sapatos, meias, entre outros, são organizados sequencialmente e expostos - uma necessidade compulsiva de manter-se no mundo 'real' pela palavra e pelo registro desses objetos e de suas memórias... belo e assustador. Diante de suas obras, não sabia se chorava ou se sorria.

Em nosso grupo, tão diverso, com a participação de estudantes, artistas e educadores de arte de vários níveis e regiões do país, contamos com a presença da professora da USP Christina Rizzi que compartilhou sua experiência como monitora na 1a exposição de Bispo do Rosário realizada em São Paulo. Segundo ela, era a primeira vez que se tinha contato com obra tão distinta e tão intensa. As pessoas choravam compulsivamente, de medo e emoção, ela afirmava.

O que dizer de tal experiência estética? As demais visitas, seguidas pela mediação, nos levaram a obras em que os artistas buscavam a representação da vida, do cotidiano de forma obsessiva. Uma necessidade de 'dissecar' a realidade como a ciência faz. Convenci-me de que arte e ciência estão cada vez mais ligadas em seus objetivos de conhecer o mundo, diferenciando-se apenas em suas formas de expressão. Ao retornar compartilhei com as turmas de Arte-Educação da Universidade Federal do Ceará no curso de pedagogia tal experiência. Vi nos rostos de uma grande maioria expressões de surpresa ao ver a obra de um 'interno' numa exposição de arte - seria isso arte?

Além desse questionamento de ordem conceitual, que poderia durar um semestre inteiro de discussão, o que há verdadeiramente a se dizer diante da magnitude da obra deste homem que, 'alheio ao mundo do lado de fora' compõe uma realidade interna de sua condição humana? 

DIVINO e ASSUSTADOR!

 Seguem algumas obras e o link para alguns videos interessantes
“Manto de Apresentação”

“Cama de Romeu e Julieta”


Fragmento da obra de Bispo do Rosário na 30ª Bienal de São Paulo

Arthur Bispo do Rosário na 30ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo:


Programa "De lá pra cá": parte (1/2)


Para saber mais sobre a 30a Bienal de São Paulo clique aqui.

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